Do Palácio do Congresso Nacional, com passagem pelo telhado do Teatro Popular Niterói até a construção com maior vão livre do mundo, Pedro Barros e Murilo Peres tornaram o sonho dos skatistas brasileiros em realidade: dropar as linhas e curvas únicas das obras de Oscar Niemeyer. De modo inédito no País, os atletas registraram as manobras pelas construções do maior arquiteto brasileiro da história no mini-documentário especial “Sonhos Concretos: O Skate Encontra Niemeyer” (15min), que estreia nesta quarta-feira (10).
A ideia do projeto surgiu anos atrás. Com família em Brasília, Pedro Barros cresceu vendo muitas obras de Niemeyer e imaginando como seria andar de skate sobre elas, assim como muitos outros skatistas brasileiros que um dia tiveram contato com essa arquitetura.
“Uma das coisas mais memoráveis, para mim, é essa coisa lúdica, de que parece que estou vivendo um sonho. Esses lugares só eram imagináveis para o skate nos sonhos mais profundos. Não é algo que acontece no dia a dia, é muito inovador. Viver isso tudo é mágico. Olhar para as pessoas que trabalham nesses locais sorrindo enquanto andávamos de skate é muito especial, porque, de certa forma, acredito que foi para isso que Niemeyer projetou essas obras – para a interação das pessoas. Poder reinterpretar as obras de Niemeyer com o skate é memorável”, analisa Barros.
O documentário começou a ganhar forma quando a Fundação Oscar Niemeyer autorizou Pedro Barros e Murilo Peres a darem um rolê por museus e edifícios de seu criador – algo até então inédito.
“A proposta de interação entre os skatistas brasileiros e a obra de Oscar Niemeyer desde o início nos pareceu uma ideia incrível. Antes de tudo, existe uma forte identidade entre o universo deste esporte e a arquitetura de Niemeyer e seus valores. A irreverência, a liberdade, a busca por desafios, a criatividade em cada movimento, tudo isso está na essência do skate, assim como na obra de Niemeyer, feita de curvas e gestos livres, bela e surpreendente, assim como um rolê de skate”, afirma Carlos Ricardo Niemeyer, Superintendente Executivo da Fundação.
Amigos desde os nove anos de idade, por conta do esporte, Pedro Barros e Murilo Peres protagonizaram cenas dignas de um “rolê dos sonhos”, com manobras a dezenas de metros de altura e até um tail drop do telhado para uma pedra irregular, na Casa das Canoas, local em que o arquiteto residiu por dez anos. Gravado entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, o documentário passa pelas principais obras do arquiteto no Rio de Janeiro (RJ), em Niterói (RJ), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG). Histórico, o conteúdo, que atrela a beleza das obras à plasticidade do esporte, foi dirigido por Hugo Haddad e está disponível gratuitamente, pela internet.
“Se eu fosse um arquiteto e pudesse desenhar obras, faria apenas tudo que fosse ‘skatável’, para conseguir andar em tudo. De certa forma, Niemeyer fez isso há muitos anos. São tantas linhas, tantas curvas… parece que ele andava de skate e não sabia”, diz Pedro Barros em um dos trechos do filme.
Repletas de curiosidades e conexões com o esporte, algumas das obras foram construídas de concreto armado, uma das principais marcas da arquitetura de Niemeyer, e mesma técnica utilizada, atualmente, para construção de pistas de skate.
“Posso dizer que realizei um sonho ao andar nas obras de Niemeyer. Nunca imaginei que isso seria possível, e é incrível o quanto ele contribuiu para o skate mesmo sem saber disso. Cada momento foi inesquecível”, completa Murilo Peres.
Ao final das gravações, todas as obras passaram por um processo de reparo. Para assistir ao documentário e acompanhar de perto as sessões de skate e tudo que envolveu este feito, basta acessar: https://win.gs/ 3dzAITV